Projeto Humanarte - Vocabulário de Psicanálise
Preversão - Comentários

"Estudando as três fases da evolução libidinal da criança, sexualidade infantil, período de latência e puberdade, Freud dividiu a primeira em estágios oral, anal e fálico [uretral], que resultavam, entre 3 e 5 anos, no complexo de Édipo. Nos dois primeiros estágios, a criança obtém prazer de todas as partes do corpo e Freud os denominou de 'perversão polimorfa'. Depois a criança descobre o prazer da estimulação genital, frequentemente proibida pelos pais e suas 'pulsões parciais' se organizam sob o primado das zonas genitais...". Segundo Freud, um desvio, uma "perversão", surge quando uma das atividades anexas torna-se muito sexualizada e se substitui às outras: o voyeur concentra todo o prazer na atividade visual, o exibicionista só experimenta prazer ao mostrar o próprio sexo e o fetichista desloca seu interesse para um objeto inanimado: sapatos, mechas de cabelo, etc . A criança, cujas pulsões não foram ainda estruturadas sob a hegemonia genital, seria assim uma "perversa polimorfa". Além de não admitir um princípio superior de perfeição moral, Freud assinalava que nossas qualidades tinham a mesma fonte que nossos "vícios": o erotismo da criança não está inscrito em todas as suas funções, táteis, digestivas, motoras e verbais? Porém, se o prazer surge desde o início da vida, seria esta uma razão para confundir o prazer da sucção do seio ou do dedo, o da retenção ou exteriorização anal,com o prazer de um encontro sexual que envolve os genitais? Freud descreveu o "prazer de ver" e o de "tocar" como "prazeres preliminares" que preparam o incêndio do gozo genital, sugerindo, assim, que todo prazer de contato é "sexual". This, Bernard, "Freud", in Pinto, Manuel da Costa, Livro de Ouro da Psicanálise, RJ, Ediouro, 2007, pag 114.

"Para os analistas mais contemporâneos, não se pode explicar as perversões apenas pela teoria das pulsões, como uma regressão ou uma fixação em impulsos pré-genitais e zonas erógenas específicas ou fantasias - embora esses desempenhem um papel significativo -, mas é preciso reconhecer o seu importante aspecto dinâmico, que se relaciona com a estrutura do ego de modo mais amplo. Para Robert Stoller, a perversão é uma "modalidade erótica da agressividade", peculiaridade que, afirma ele, é comum a todas as perversões. Os sintomas da perversão são resultado de angústia e uma resposta a um ataque à identidade sexual do indivíduo, à sua masculinidade ou feminilidade. (...) Se a agressividade é a reação a uma disfunção determinada do ego (voltada para dentro, como o masoquismo, ou para fora, como a agressão ou o sadismo), ela se torna pervertida quando essa defesa é investida pelos impulsos sexuais, sobretudo os impulsos regressivos parciais infantis. Portanto, o estupro é um ato de violência que usa os órgãos sexuais, e não apenas um ato sexual particularmente agressivo. Nos seus estudos minuciosos de transexuais, travestis e pornografia, Stoller localiza as origens do comportamento pervertido no trauma que fez surgir a hostilidade e a necessidade de vingança. A perversão é a iniciativa para controlar o trauma original ou vingar-se dele" Pajakckowska, Claire, Perversão, RJ, Dumará-Ediouro,2005 (Conceitos da Psicanálise, 18), pag 62.

   
A - H
 
I-P
 
R-V
 
Nomes
 
Agressividade Inconsciente Relações de Objeto Freud, Sigmund (1856-1939)  
Arquétipo (Jung) Inveja Sado-masoquismo Jung, Carl Gustav (1875-1971)  
Complexo de Castração Símbolo (Jung) Klein, Melanie (1882-1960)
Narcisismo
Complexo de Édipo
Objeto
Sonho Lacan, Jacques (1901-1981)
Deus Perversão
Sublimação Reich, Wilheim (1897-1957)
Fase Oral Psicanálise Silveira, Nise da (1905-1999)
Superego
Winnicott, Donald (1896-1971)
Homossexualismo Pulsão
Violência